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Apresentação:

O III Xirê da Consciência Negra traz como tema a discussão acerca do “Território, meio ambiente e cosmopolíticas afrodiaspóricas”. Como dizia o Mestre Nego Bispo, o papel dos saberes tradicionais quilombolas consiste, historicamente, em preservar, compartilhar e confluir. Não é possível pensar em direitos socioambientais, desconsiderando a  necessidade de contracolonizar o discurso predatório capitalista que concebe a natureza como fonte de recursos para atender ao consumismo desenfreado das populações contemporâneas industrializadas. Nesse sentido, a biointeração, isto é, a ideia que somos da terra, surge como proposta emancipatória da cosmopolítica quilombola, na medida em que agrega outra relação da diversidade societária com o meio, fazendo prevalecer o senso de coletividade, a vivência comunitária e o reconhecimento dos regimes de saberes fecundos, onde os usos coletivos e os manejos da terra são integrantes formativos das experiências de territorialidade dos grupos tradicionais diversificados. Nesta edição de 2025, o Xirê  procura refletir sobre o Sertão como espaço de territorialidades étnico-raciais, domínio, portanto de experiências e representações de contracolonialidade, produzidas por grupos sociais não brancos integrados ao meio ambiente, resistentes ao processo de colonização e à hegemonia da monocultura da agroindústria. Com efeito, o evento se propõe a discutir sobre os marcos regulatórios dessas comunidades, os direitos constitucionais de Povos Tradicionais reconhecidos por legislações nacionais e por tratados e Convenções Internacionais, como também os descentramentos teóricos que nos permitem compreender a importância da ecologia dos saberes emancipatórios, forjada em territórios pluriétnicos e historicamente ameaçados.

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